Mais um político do Rio de Janeiro vai para a cadeia acusado de suspeita de corrupção. Agentes da Polícia Civil e do Ministério Público prenderam na manhã de hoje o ex-prefeito de São Gonçalo, Neilton Mullim (PR) que estava na sua casa do condomínio de luxo Bosque de Itapeba, em Maricá, cidade litorânea da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Na casa dos pais de Mullim, em São Gonçalo, a polícia apreendeu R$ 267 mil em espécie. (fotos WhatsApp)
Ele é acusado de comandar uma quadrilha que fraudou cerca de R$ 40 milhões em contratos para a iluminação pública de São Gonçalo, segundo maior município do Estado do Rio, perdendo apenas, em número de habitantes e eleitores, para a capital.
A quadrilha de Neilton Mulim é suspeita de cometer irregularidades na contratação da empresa de iluminação pública, através da facilitação da licitação para fins políticos. Os mandados de prisão e busca e apreensão foram concedidos pela juíza Myriam Therezinha Simen Rangel Cury, da 5ª Vara Criminal de São Gonçalo.
O acordo foi fechado com a empresa Compillar Entretenimento Prestadora de Serviços Eireli por R$ 15,5 milhões e renovado por duas vezes. A gestão aumentou o custo da Prefeitura em mais de 200%.
O MP diz que os valores pularam de R$ 5,8 milhões para R$ 15,5 milhões e foi "completamente desperdiçado, pois a empresa não executou o projeto básico contratado".
O superfaturamento foi, ao menos, de R$ 5,9 milhões no primeiro ano. O contrato seria gerenciado pelo secretário de urbanismo Francisco Rangel e pelo subsecretário de iluminação Davi Luz Fonseca. Eles obedeceriam os comandos de Mullim, mesmo sem fiscalização adequada.
Pezão nomeia Mullim
Como perdeu a reeleição em outubro do ano passado para José Luiz Nanci, em fevereiro Mullim foi nomeado presidente da Fundação Instituto da Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj), com salário perto de R$ 14 mil, pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Ele é irmão do deputado estadual Nivaldo Mullim (PR).
A nomeação ocorreu um mês depois de a Justiça revogar um outro pedido de prisão contra o ex-prefeito de São Gonçalo. A prisão havia sido decretada por descumprimento de decisão judicial sobre pagamento de salários de servidores da educação.
Em 2013, ao assumir a Prefeitura, Mullim decretou estado de calamidade pública na saúde e pediu ajuda dos governos estadual e federal. Ele determinou a compra emergencial de material. Quatro anos depois, o município ainda enfrentava os mesmos problemas.
Nanci encontrou a sede da prefeitura sem energia e os servidores com os salários atrasados. O lixo também se espalha pelas ruas e o prefeito decretou estado de calamidade financeira.
Já estão no xadrez:
Neilton Mullim, ex-prefeito
Francisco José Rangel de Moraes, ex-secretário de Urbanismo e Infraestrutura
Davi Luiz Fonseca, ex-servidor comissionado
Wellington de Sant'Anna Souza, servidor
Marco Antônio Monteiro Garcia, servidor
Marcelo Ferreira Neves, servidor
Fagner Mota Chaves, servidor
Paulo Roberto de Souza Cruz, representante da Compillar
Marcelo Araújo dos Santos, servidor
Luana Ferreira Neves e Wanderson Gonçalves Lopes, servidor