A Prefeitura do Rio vai dar um “freio” nas obras do BRT Transbrasil e contratar um Plano Operacional para avaliar os impactos e propor medidas para não prejudicar milhares de usuários de ônibus e motoristas das outras cidades do Grande Rio e do interior. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo secretário estadual de Transportes, Delmo Pinho, durante audiência pública na Alerj para discutir os reflexos do BRT nos outros meios de transportes
Secretário estadual de Transportes Delmo Pinho
Um dos principais problemas é o fechamento do acesso ao Centro do Rio aos ônibus procedentes da Ponte Rio-Niterói e que transportam milhares de usuários de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e de todos os municípios da Região dos Lagos e Norte do Estado. Há impactos previstos também, no outro extremo da Avenida Brasil, para os veículos procedentes da Baixada, Sul Fluminense e Costa Verde.
-- A Avenida Brasil é um via federal concedida ao município. Os projetos de mobilidade têm que ser compartilhados com os demais municípios do estado. O Rio vai dar um freio na obra. O município aceitou bem a proposta e também vai contratar um Plano Operacional para mitigar os impactos da obra nos outros modais de transporte. É necessária uma decisão que atenda a todos.
O BRT é uma obra complexa e não necessariamente precisa ser 100% numa calha. Um exemplo é o BRT de Istambul, na Turquia, que tem trechos com vias compartilhadas – disse Delmo Pinho.
O presidente executivo do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Setrerj), Márcio Barbosa, defendeu, na mesma audiência, a paralisação imediata das obras no trecho próximo à Rodoviária e ao Into. Durante a reunião, o engarrafamento provocado pelas obras chegava ao vão central da Ponte Rio-Niterói:
-- As obras precisam ser interrompidas neste trecho até que sejam postas em prática as propostas do Plano Operacional. O transtorno é diário por causa do afunilamento da pista em frente ao INTO – sugeriu Barbosa.
Convocada pelo deputado Luiz Paulo, a audiência reuniu a Comissão Especial da Região Metropolitana, presidida por Waldeck Carneiro, e de Transportes, que tem à frente Dionísio Lins.
Também participaram representantes das prefeituras do Rio e de Niterói e da concessionária EcoPonte. O coordenador de planejamento da Secretaria Municipal de Transportes do Rio, Eloir Faria, previu a inauguração do trecho Deodoro-Rodoviária em agosto de 2020, mas os técnicos estaduais descartaram esta hipótese. Faria disse que, após a conclusão dos trabalhos, os usuários serão beneficiados com um ganho no tempo de viagem de uma hora e 15 minutos nos dois sentidos.
-- Todas as questões estão no ar porque o projeto original do BRT Transbrasil foi alterado e ninguém sabe o que será feito para absorver os ônibus procedentes do Grande Rio e do interior. O nó maior é na saída da Ponte Rio-Niterói – afirmou Luiz Paulo.
O diretor-superintendente da EcoPonte, Júlio Amorim informou que a ponte recebe 150 mil veículos por dia e que cerca de 40 mil usam a alça que será bloqueada em frente à rodoviária, provocando “reflexo terrível” para a Ponte Rio-Niterói. O representante da prefeitura informou que os ônibus com destino ao Centro serão distribuídos em três itinerários diferentes com o bloqueio do acesso à Avenida Francisco Bicalho:
-- Esta hipótese não se faz viável. Não se pode dividir uma linha de ônibus em três para atender a circulação naquele trecho – afirmou a diretora de Mobilidade Urbana da Fetranspor, Richele Cabral.
O deputado Waldeck Carneiro destacou que o Plano Operacional vai ter a participação dos técnicos que integram o novo modelo de governança metropolitana:
-- A obra afeta o cotidiano de milhares de pessoas e precisa ter um tratamento metropolitano. A audiência pública serviu para destacar a complexidade do problema e promover o diálogo entre os setores envolvidos. É preciso que o estado ponha logo em prática a governança metropolitana para gerenciar estas questões – defendeu o deputado Waldeck Carneiro.
O Secretário de Urbanismo e Mobilidade de Niterói, Renato Barandier, aplaudiu e pediu para o município participar do Plano Operacional das Obras do BRT Transbrasil:
-- Temos até dificuldade de discutir porque não conhecemos o projeto. A Região Metropolitana foi prejudicada com a derrubada da Perimetral e depois com o fim do Terminal da Misericórdia na época em que o estado comprou novas barcas, que sofreram com a queda do movimento. São questões que precisam ser lembradas para que não se cometa os mesmos erros – advertiu Barandier.