Como se não bastasse a cobrança do funcionalismo municipal,
o governo terá que lidar com os desdobramentos políticos do
escândalo envolvendo a Comsercaf, na semana passada
O líder da oposição na Câmara de Cabo Frio, vereador Vanderlei Bento (PMB), protocolou ontem na secretaria da Casa um pedido de impeachment contra o prefeito Marquinho Mendes (PMDB).
Para aprovação em plenário, é preciso que dois terços (12) votem pelo afastamento, mas antes disso são necessárias as assinaturas de um terço (seis) parlamentares. Vanderlei reconhece a dificuldade para emplacar o pedido, por causa da ampla maioria governista, mas aposta na pressão popular.
– Após a operação Basura, as acusações ficaram mais palpáveis. Há tempos falávamos desses processos emergenciais. O aumento anormal de 100% do orçamento para Comsercaf não combinava com o momento de crise. A pressão popular é um bom caminho. A população não aguenta mais essa gestão – afirmou o vereador.
O documento de aproximadamente 500 páginas baseia-se principalmente no decreto nº 201, de 1967, e na Lei Orgânica municipal. Para Vanderlei, o pedido de afastamento se sustenta porque Marquinho teria ‘ferido a dignidade e o decoro’ do cargo’ e ‘sido omisso’ com os fatos que levaram à Operação Basura na autarquia de limpeza pública.
– Ele (prefeito) perdeu completamente a capacidade de gerir nossa cidade. Ele tinha um interesse muito grande de abastecer a autarquia – complementou o oposicionista.
Além do pedido de impeachment, Vanderlei também protocolou um requerimento para que Marquinho vá até a Casa Legislativa para se explicar sobre os acontecimentos na Comsercaf.
Procurado, o presidente da Câmara, Aquiles Barreto (SD), comentou que soube da atitude de Vanderlei pelas redes sociais e que somente hoje teria acesso ao documento. Mas, de antemão, afirmou que o pedido será analisado pela Procuradoria-Geral da Casa, antes de chagar à Mesa Diretora.
– O pedido foi protocolado, como vários são. Ele vai ser encaminhado para o procurador da Casa para ver o embasamento jurídico. Nem chegou a minha mão. Prefiro não falar em prazos. Temos que ser isentos, mas essa isenção passa pelos ritos da Casa – afirmou.
De todo modo, por conta da proximidade do recesso de fim de ano, é considerado improvável que essa análise seja feita até o fim do ano.