Velório de Silvio Tendler, um dos maiores documentaristas do Brasil, será domingo (07)
- Gilson da Gama Barcellos

- 5 de set.
- 3 min de leitura
Rio de Janeiro, 05/9/2025
Por Redação GBNEWS
Foto: Agência GBNEWS

Silvio Tendler recebeu em sua residência na Avenida Atlântica, Copacabana, em janeiro de 2024, os jornalistas e diretores da Sicom Filmes, produtora sediada em Maricá, Gilson Barcellos (Comunicação) e Paulo Celestino (Diretor-Presidente). O cineasta ficou entusiasmado com o roteiro de “Raízes Memórias de Um Povo” e com as cenas do episódio onde Dom Pedro I chega em Maricá em 1822
O corpo do cineasta Silvio Tendler será velado as 11 horas de domingo (07), no Cemitério Israelita do Caju. Ele estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, e morreu aos 75 anos, na manhã desta sexta-feira (05), de infecção generalizada. Silvio deixa a filha Ana Rosa Tendler, um neto e mais de cem obras. Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, produziu e dirigiu mais de 70 filmes e 12 séries televisivas.
Nascido no Rio de Janeiro em 1950, o cineasta começou sua trajetória no movimento cineclubista ainda na década de 1960, liderando a Federação de Cineclubes do Rio em 1968.
O cineasta Silvio Tendler, um dos maiores documentaristas do Brasil, enfrentava há 10 anos uma neuropatia diabética, doença que prejudica o sistema nervoso.
Conhecido como o “cineasta dos sonhos interrompidos” ou “cineasta dos vencidos”, Silvio Tendler dedicou sua carreira a contar histórias de personalidades como João Goulart, Juscelino Kubitschek, Carlos Marighella e Glauber Rocha.
Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, produziu e dirigiu mais de 70 filmes e 12 séries televisivas. Tendler também dirigiu "Jango", "Os Anos JK – Uma Trajetória Política" e "O Mundo Mágico dos Trapalhões", em 1981.
A obra de Tendler foi marcada pelo engajamento político, pela defesa da memória histórica e pela produção de obras que retratam personagens cujas trajetórias foram interrompidas pela repressão ou pela morte precoce.
Na série “Cineasta do Real”, que fala sobre as obras dos principais documentaristas brasileiros, Tendler falou sobre o que o apaixonou para seguir carreira no cinema.
“A minha paixão por cinema vem daquela geração que tinha 14 anos em 1964. Era uma geração que teve a cabeça feita por Glauber, Godard, Truffaut, Joaquim Pedro, Leon. E eu me apaixonei por cinema.”
O primeiro projeto foi um documentário sobre João Cândido, conhecido como Almirante Negro, que chefiou o movimento que entrou para a história como a “Revolta da Chibata”.
“Em 1968, eu o filmei. Ele morava em São João de Meriti, na Rua Esmeralda e eu soube que ele tinha dado uma entrevista no MIS. Aí eu fui ao Museu da Imagem e do Som e ouvi a entrevista e o Ricardo Cravo Albim disse: ‘O filho dele trabalha comigo’. Eu fui, conheci o Candinho, pedi para falar com o pai dele, ele fez a ponte meio reticente. Eles eram temerosos. As pessoas tinham medo, e o João Cândido foi um cara que foi perseguido a vida inteira”, contou Tendler.
Durante a ditadura militar, exilou-se no Chile e depois na França, onde se formou em História pela Universidade de Paris VII (Paris Diderot) e fez mestrado em Cinema e História pela École des Hautes Études – Sorbonne.
Desde 2011, utilizava cadeira de rodas devido a um problema de saúde que afetava a medula.
"Silvio Tendler era um guerreiro, não só no final da vida lutando contra a doença, mas na vida normal dele ele lutava pelo que acreditava, permanentemente em defesa das causas do cinema brasileiro", afirmou Zelito Viana, cineasta e amigo de Silvio.


Comentários