Rio de Janeiro, 21/8/2021
Por Redação GBNEWS
Fotos: Divulgação

A 1ª Mostra Acolhimento de Cinema Brincante terminou nesta sexta-feira (20), no Teatro Popular Oscar Niemayer, em Niterói, com a exibição do curta “O Mistério do Carnaval”. A produção do filme foi feita durante as oficinas de criação, por crianças e adolescentes de unidades de acolhimento da Secretaria de Ação Social.
O cenário para a exibição do filme contou com tapete vermelho e teve a participação dos integrantes da Cia Mala de Mão como mestres de cerimônia. "O Mistério do Carnaval" foi concebido, dirigido, filmado e estrelado pelas crianças e adolescentes das unidades de acolhimento Lisaura Ruas, Lélia Gonzalez e Paulo Freire, todas de Niterói. Durante a Mostra foram exibidos curta-metragens seguidos de rodas de conversa, além de oficinas de produção audiovisual. O evento recebeu crianças e adolescentes entre 7 e 17 anos em situação de acolhimento institucional. O objetivo é dar acesso à cultura, arte e expressão, e possibilitar a representatividade, protagonismo e empoderamento deste público. O secretário municipal de Assistência Social, Vilde Dorian, reforçou que o acesso à cultura é fundamental para a formação dessas crianças e adolescentes. “Valorizamos a interação da cultura na vida das crianças e adolescentes acolhidos. Agregar arte na rotina deles é fundamental. Temos o entendimento que o acesso à cultura, em suas múltiplas possibilidades, é determinante para o exercício da cidadania e essencial na formação de crianças e adolescentes”, destacou o secretário.

O projeto é um desdobramento do Cine Acolhimento, uma espécie de cineclube itinerante que teve início em julho de 2020, em Niterói, com o objetivo de promover a cultura cineclubista no cotidiano de unidades de acolhimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Semanalmente, são realizadas sessões de filmes escolhidos coletivamente, seguidas por rodas de conversas entre os participantes. “Nosso projeto começou em meio à pandemia do coronavírus. Foi uma resposta possível diante daquela realidade ao desafio do isolamento social, especialmente complexo dentro de unidades de acolhimento. O projeto é um esforço para promover um lugar de descontração, de divertimento, mas também de reflexão, de crítica e de diálogo”, explicou a coordenadora do projeto e pedagoga da SMASES, Marina Luar. O projeto Cine Brincante é realizado em parceria com a produtora cultural Nathalia Fajardo, e a curadoria da mostra é do realizador em cinema e audiovisual, JV Santos, com participação da cineasta Rosa Miranda. As oficinas são conduzidas pelo artista e professor de teatro, Wallace Lino. A proposta foi contemplada com incentivo público pelo edital de Retomada Econômica Cultural da Secretaria Municipal das Culturas.

“O brincar, na sua dimensão lúdica, afetiva, imaginativa é ação criativa orgânica e é nosso fio condutor, tanto nas propostas de oficinas como na curadoria dos filmes que serão exibidos nas sessões da Mostra Acolhimento de Cinema Brincante”, disse Marina Luar. Durante as oficinas, as 22 crianças e adolescentes experimentaram os processos de construção de um filme, desde a criação do roteiro até o trabalho de um set de filmagem, exercitando o fazer coletivo. O grupo foi dividido por equipes com diferentes funções, como arte, som, filmagem, produção e elenco. J., de 14 anos, é uma das adolescentes acolhidas pelos projetos da Prefeitura de Niterói, que participou da produção do filme exibido no Teatro Popular Oscar Niemeyer. “Estou achando maravilhoso participar de tudo isso. É uma forma de ganharmos conhecimento sobre cinema e coisas que a gente não sabe e, com o tempo, o que a gente aprende, também pode ensinar. Eu participei da produção de arte do filme como maquiadora. Também cuidei do espaço e das cores, e fui dublê de personagem. Foi tudo muito divertido”, disse entusiasmada. A., 15 anos, participou da criação do roteiro e falou da emoção que sentiu ao se ver na tela. "Foi muito interessante participar desse projeto, tem muita cultura envolvida e estou achando legal fazer isso no acolhimento, que ajuda a gente a se divertir e também interagir. Eu interpretei uma cantora. Também ajudei a escrever o roteiro e foi uma troca de ideias, um processo muito divertido. Estava ansiosa porque foi como se a gente estivesse no cinema, mas vendo a gente no filme”, contou.

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