Rio de Janeiro, 25/9/2021
Por Redação GBNEWS
Foto: Divulgação/Into
O Banco de Multitecidos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), no Rio de Janeiro, estima que em 2021 o número de doações será o maior dos últimos quatro anos. Em 2020, o banco foi o segundo maior distribuidor de tecidos para a realização de cirurgias ortopédicas no Brasil: mais de 30% dos transplantes de tecido musculoesquelético foram feitos com ossos, tendões e outros tecidos disponibilizados pelo INTO.
De janeiro a agosto deste ano, o Instituto alcançou a marca de cerca de 90 captações de tecidos, um aumento de 57% se comparado ao ano de 2020. O número também já é superior ao total de doadores de 2018, com aumento de, aproximadamente, 40%. Em 2019, foram 112 captações realizadas durante o ano.
“Apesar de 2019 ter sido um ano expressivo, a expectativa é que 2021 seja o melhor dos vinte anos de atuação do banco de tecido musculoesquelético e, ainda, o ano com a maior captação de tecido cutâneo desde a criação do banco de pele”, comemora Rafael Prinz, ortopedista e Chefe do Banco de Multitecidos do INTO.
Para o especialista, o resultado reflete a melhoria no fluxo de doação, desde a entrevista familiar até a captação realizada pelo banco, fruto da educação continuada promovida pelo Instituto. Este ano, em parceria com a Universidade Federal do Maranhão, o INTO capacitou profissionais de todo o país para a captação de tecido musculoesquelético.
Pioneiro no Brasil, o Banco de Multitecidos do INTO é responsável pela captação, processamento e distribuição de córnea, pele e tecidos musculoesqueléticos (ossos, tendões, meniscos e cartilagem) para utilização em cirurgias de transplantes na área da ortopedia e odontologia. Atualmente, o INTO é a única instituição do estado do Rio de Janeiro a abrigar um banco de pele e de tecido musculoesquelético.
Na avaliação de Rafael Prinz, apesar do aumento nas captações de tecido no banco do INTO, a conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos continua sendo fundamental, já que o índice de recusa familiar ainda é grande.
“É a família que vai autorizar a doação, por isso é muito importante que a pessoa comunique ainda em vida aos familiares o seu desejo de ser um doador”, destaca Prinz.
Entre os motivos que levam à resistência da família na doação de órgãos e tecidos, o médico aponta a desinformação como um dos principais fatores. “Muitas pessoas desconhecem a necessidade da doação de ossos, tendões, pele e outros tecidos, fundamentais para garantir a qualidade de vida de inúmeros pacientes”, afirma o ortopedista.
O médico acrescenta também que o mito de que a doação pode desfigurar a aparência do doador ainda é predominante e ressalta que, após o processo de captação do tecido, a reconstrução do corpo é feita com material sintético e da maneira mais anatômica possível.
Da captação à distribuição
O INTO mantém equipes preparadas para realizar captações 24 horas por dia, durante os 365 dias do ano. Todo o procedimento, desde a captação até a distribuição do tecido a ser transplantado, é gratuito para o receptor.
O processo começa após a notificação do caso de um possível doador recebida pelo Programa Estadual de Transplante (PET), que realiza uma avaliação do paciente junto aos responsáveis técnicos do banco do INTO. Autorizada pela família, a captação é feita por uma equipe multiprofissional, formada por ortopedistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, biólogos e farmacêuticos, que se desloca até a unidade de saúde onde se encontra o doador.
No banco de tecidos, todo o material coletado é analisado até que seja liberado para a distribuição. A partir daí, ele será disponibilizado, sob demanda, para qualquer equipe e instituição cadastrada no Sistema Nacional de Transplantes.
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