Campeã em arrecadação de royalties do petróleo e transformada num canteiro de obras nos quatro cantos, em franco desenvolvimento, a cidade de Maricá, em grande parte, ainda vive de água de poço e sem rede de esgoto. Para resolver esse problema, o prefeito Fabiano Horta criou a Companhia de Saneamento de Maricá (Sanemar). Uma reunião no espaço Sal da Terra, no Centro, serviu de apresentação das atividades da nova autarquia
Edes Oliveira falou sobre a nova autarquia municipal (foto Clarildo Menezes)
No encontro foram detalhados os projetos da autarquia para levar água potável e tratamento de esgoto a áreas ainda não beneficiadas da cidade. O prefeito Fabiano Horta (PT) participou do encontro, que teve a presença de funcionários e parte da equipe de governo.
Durante a apresentação, o presidente da Sanemar, Edes Oliveira, falou sobre as ações prioritárias da empresa, como a instalação de uma rede adutora de 26 km de extensão, que vai captar 100 litros de água por segundo do rio Tanguá no limite entre o município e Rio Bonito.
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A apresentação mostrou que o projeto é vantajoso quando são feitas comparações. A captação em Juturnaíba, por exemplo, exige 80 km de adutora. Já a captação em Imunana-Laranjal exige outros 36 km até Itaipuaçu. Também a título de comparação, a captação que atende a cidade do Rio de Janeiro fica a 60 km de distância da cidade.
A partir disto, a rede que hoje atende à região do centro será ampliada e haverá um assentamento de rede para a área de São José de Imbassaí, ação prevista para começar um ano e meio após a licitação, marcada para novembro.
Para dezembro, porém, os bairros de Ponta Negra e Cordeirinho já deverão receber água em suas torneiras, com a conclusão da obra da Cedae de captação no rio Badeco.
Na parte de esgoto, o presidente afirmou que vai utilizar os sistemas já existentes, como o do bairro das Pedreiras, e também construir novos, como o que utiliza a chamada ‘captação em tempo seco’ - quando a coleta é feita na rede pluvial, por conta de ligações residenciais, levada à ETE, tratada e devolvida.
A estação da Cedae que atende o Centro tem capacidade de tratar apenas 110 litros por segundo e é necessário construir outra ao lado da atual. O estudo da Sanemar avalia que a nova instalação deverá ter entre 250 e 300 litros por segundo de capacidade. A construção de duas novas estações de tratamento, no Centro e em Itaipuaçu, será custeada pelo município.
Ainda de acordo com a Sanemar, outro passivo ambiental será resolvido com o Termo de Ajustamento de Conduta assinado pela Petrobras com o estado. A compensação devida pela construção do emissário de efluentes do Comperj é calculada em R$ 410 milhões, recurso esse que será passado pela empresa ao estado que, através do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) concluirá a obra com o município.
As duas ETEs terão capacidade de tratamento de 250 litros/segundo, sendo que a do Centro deverá atender cerca de 60 mil pessoas. Uma terceira ETE está sendo estudada para atender a 50 famílias no Silvado.
Outro destaque pontuado por Edes Oliveira foi o modelo de negócio firmado com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Segundo a parceria “público-pública”, a Sanemar vai construir a nova rede e a empresa estadual irá ressarcir o investimento municipal. A distribuição, no entanto, continuará sendo feita pela Cedae.
“Trata-se de uma virada de jogo diante da atual tendência do governo federal em privatizar os serviços públicos. Creio que o governo municipal acertou em chamar para si a responsabilidade. Maricá tem uma imensa demanda reprimida neste setor de saneamento básico e nós temos que entrar para jogar, e jogar para ganhar, sem tempo para treino”, afirmou o presidente. Segundo o presidente da autarquia, estima-se que dois terços de Maricá atualmente não estão sendo atendidos com redes de água e coleta de esgoto.
Em sua fala, Fabiano Horta reiterou que a Sanemar tem a missão de romper um ciclo de ineficiência do setor público nesta área. “A empresa é o centro de um grande desafio de desenvolvimento e integração, pois há um passivo na cidade que precisa ser reparado. É preciso promover saneamento e levar água onde ainda não há, isso é afetar a vida das pessoas de maneira positiva”, apontou o prefeito.