Com a decisão do governo de Cuba de se retirar do programa Mais Médicos em função de mudanças anunciadas pelo presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que inviabilizariam a continuidade da atuação dos profissionais no Brasil, os cinco médicos cubanos deixaram nesta quarta-feira (21) de atender nas cinco unidades de saúde da família em Maricá e na próxima semana, deixarão o Brasil. A decisão foi lamentada tanto pela Prefeitura de Maricá quanto pelos moradores da cidade, que vinham contando com um trabalho consolidado, bem realizado e bastante humanizado desde 2013, quando as equipes começaram a atuar no município. Ao todo, somente em Maricá, mais de 20 mil pessoas serão afetadas com a saída dos cubanos que atendiam as unidades dos bairros Bambuí, Santa Paula, Marinelândia, e em postos nos dois condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida, de Itaipuaçu e Inoã. Só nesses dois locais são três mil famílias recebendo tal atendimento. Os médicos de Cuba também atendiam nas residências desses pacientes
fotos Marcos Fabrício
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Pacientes de Maricá lamentam a saída dos médicos cubanos
Uma das cinco profissionais de Cuba, a médica Yorgelis Macias Almenares, com nove anos de formação (sendo seis dedicados à área de clínica geral e três especializada em Atenção Básica), atendia os 3.324 cadastrados do posto Brígida Machado, em Bambuí, além de fazer periodicamente visitas domiciliares para atender os pacientes acamados e mais idosos. Antes de ser a médica responsável por essa unidade, Yorgelis prestou atendimento para as famílias do MCMV de Inoã e também na Venezuela. Para ela, é muito gratificante poder usar sua profissão como instrumento para ajudar as pessoas.
“O que mais me motivou é o amor que tenho em ser médica e poder exercer minha profissão”, destacou. Yorgelis ressaltou que o fato de alguns duvidarem de sua capacidade médica a entristece.
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“Estudei muito para ser médica e cumpri com excelência todas as etapas exigidas para estar nesse programa. Agora, duvidam do meu profissionalismo e da minha capacidade técnica? E outro fato é de que não somos obrigados a deixar nossas famílias por lá. Meu marido e minha filha de três anos ficaram em Cuba por opção. Agora em dezembro, eles viriam para celebrarmos o Natal”, acrescentou. Sobre o atendimento prestado nas unidades, a médica cubana frisou a necessidade de ouvir e examinar o paciente. “Considero que 90% do diagnóstico da doença é obtido ao examinar e ouvir com atenção e carinho os relatos dos usuários”, ressaltou.
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Uma das pacientes de Yorgelis é a dona Eulália Francisca dos Santos, de 101 anos, moradora de Bambuí, que era atendida em casa pela médica cubana, assim como sua filha Maria José Santos, de 65 anos, e seu genro, José Carlos Castro, de 71 anos.
“É uma grande perda para a cidade. São excelentes profissionais que dedicam seu tempo e muito amor para atender toda minha família. É um atendimento prestativo, diferenciado e humanizado para descobrir o que temos”, frisou Maria José.
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De forma emergencial, para não deixar os postos sem atendimento, a Secretaria de Saúde vai remanejar profissionais de outras unidades até que seja possível a contratação de novos médicos com perfil de atendimento para atenção básica. A secretária de Saúde, Simone Costa, destaca a importância da atuação dos médicos cubanos na Estratégia de Saúde da Família.
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“A formação acadêmica dos médicos de Cuba prioriza o tratamento do paciente de forma integrada visando fornecer assistência ao paciente como um todo, que é exatamente o perfil exigido pelo médico de família. Aqui no Brasil, a formação é para cuidar da doença, encaminhando os pacientes para os especialistas, por isso, hoje como gestora, entendo a importância desses profissionais”, ressaltou a secretária de Saúde de Maricá.
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