Promessa de 'reconstrução da cidade'
esbarra nos escândalos e nas greves
O ano de 2017 termina para o morador de Cabo Frio com a sensação de filme repetido. Após o prefeito Marquinho Mendes (PMDB) assumir o cargo no primeiro dia do ano com o discurso de ‘reconstrução da cidade’, a situação atual é bem semelhante à recebida do antecessor, Alair Corrêa: problemas nos serviços públicos e greve do funcionalismo por causa dos salários atrasados.
O começo do ano foi dedicado às negociações do governo com os sindicatos para tentar dar fim às greves da Saúde e da Educação que, então, completavam sete meses. Após longa negociação, que envolveu acordos para o pagamento das dívidas deixadas por Alair, os servidores retomaram o trabalho. No caso da Educação, o ano letivo de 2016 pôde, enfim, ser concluído.
Também de início, Marquinho (foto) decretou estado de emergência financeira no município por 180 dias. Como pela lei, durante esse período, estão dispensadas as licitações, começaram a ser feitas contratações emergenciais para serviços de limpeza e iluminação pública e de aluguel de ambulâncias e outros veículos. Como se viu mais tarde, com a Operação Basura da Polícia Federal, a prática renderia muita dor de cabeça para o governo.
Não demoraram a surgir os questionamentos por parte da oposição sobre os contratos, especialmente os celebrados com a empresa Prime, investigada pela PF. O então presidente da Comsercaf, Cláudio Moreira, chegou a ir à Câmara em fevereiro para prestar esclarecimentos sobre os contratos. Aliás, na Casa Legislativa, o prefeito foi incomodado em poucos momentos. Aquiles Barreto (SD), aliado de primeira hora de Marquinho, foi eleito sem dificuldades para a presidência. Para as lideranças do governo e da oposição, foram escolhidos vereadores novatos: Miguel Alencar (PPS) e Rafael Peçanha (PDT), respectivamente. Peçanha depois foi substituído por Vanderlei Bento (PMB).
Com ampla maioria a favor, diversos requerimentos da oposição foram arquivados. Apenas em setembro, a ‘lua de mel’ com a base começou a dar sinais de desgaste, a partir da antecipação da eleição para suceder Aquiles no biênio 2019-2020. Vereadores do chamado ‘baixo clero’ ou G8 lançaram candidaturas alternativas como forma de pressionar o governo por mais espaço político. No fim das contas, tudo se acertou e o prefeito conseguiu emplacar o governista Luis Geraldo (PRB), inclusive com apoio de vereadores de oposição.
Mas àquela altura, a relação com o funcionalismo ia de mal a pior, com a volta dos salários atrasados e o descumprimento de acordos. Greves e protestos de rua voltaram a ser frequentes, como na época de Alair. Ao mesmo tempo, o governo tentou estabelecer uma agenda positiva e teve alguns êxitos, em especial, a reabertura do Centro de Reabilitação, ‘elefante branco’ fechado desde 2013.
Em novembro, o primeiro grande escândalo. O vereador Rafael Peçanha denunciou o suposto pagamento de supersalários de até R$ 130 mil a uma servidora. Marquinho negou o fato e disse que a prefeitura é quem afastou funcionários. Em 5 de dezembro, policiais federais prenderam Cláudio Moreira e outras três pessoas acusadas de participar de esquema que teria desviado R$ 60 milhões da Comsercaf. Dias depois, Marquinho anunciou uma intervenção de 90 dias na autarquia.
O escândalo esvaziou o discurso de crise e os protestos de servidores ficaram mais intensos. Após ver duas tentativas de vender a folha de pagamento frustradas, o governo termina o ano sem perspectiva de pagar o décimo terceiro e com a credibilidade em baixa junto ao funcionalismo. (fonte Folha dos Lagos)